Após mais de uma década
de implementação do programa RBE, em fase de avaliação, e do PT, podemos
afirmar que grande parte das bibliotecas escolares configuram espaços atrativos,
incorporando no seu acervo uma miríade de documentos e recursos em vários
suportes,onde coexiste uma pluralidade
de fontes de informação e ferramentas que lhes permitiriam dar resposta às
exigências da sociedade atual, como espaço de conhecimento ou, como se afirma
no documento “Lançar a rede de Bibliotecas Escolares”, como” um núcleo de
organização pedagógica da escola”. Para Loertscher, a biblioteca hodierna, com
o acesso à Web 2.0, perspetiva-se como uma “rede central” com “ tentáculos” que
acedem a qualquer lado da escola e da comunidade educativa.
A biblioteca escolar,
assim entendida como centro de aprendizagem, disponibilizando serviços e
práticas em prol do sucesso educativo, implica uma mudança de paradigma e
pressupõe o envolvimento de todos os atores/agentes educativos: diretor, PB, professores,
alunos…
A web 2.0 não vem
anunciar o fim das bibliotecas escolares, mas afirmá-los como espaços
fundamentais nas sociedades democráticas, permitindo a todos o acesso ao saber
e contribuindo para a formação de cidadãos autónomos, críticos e responsáveis,
com competências para a aprendizagem ao longo da vida e preparados para enfrentar o relativismo dos saberes ,
numa sociedade em que, como nos diz Todd “o ambiente da informação do século
XXI é “complexo e fluido, conectivo e interactivo, diversificado, ambíguo e
imprevisível…”.
Para além da optimização
dos serviços, a web 2.0 constitui um elo de aproximação aos
utentes/utilizadores/jovens que, nativos digitais, interagem e modelam
identidades através dos media digitais e das redes sociais. A BE não pode ficar
indiferente e impermeável às mudanças e exigências de uma sociedade em rede, e aos
novos espaços e contextos de aprendizagem, às vivências e competências dos
jovens de hoje. Aqui importa referir o seu papel fundamental na promoção da
literacia nos alunos, ser nativo digital não se traduz necessariamente em
competência digital( e tem sido amplamente retratada a dificuldade dos mesmos
no âmbito da seleção e tratamento da informação…). Por sua vez, neste ambiente
o utilizador hoje não é somente recetor mas produtor, cocriador de conteúdos,
interagindo com a BE/PB e os outros utilizadores.
No entanto a realidade parece
apresentar panoramas diversificados, alguns muito distantes ainda desta
Biblioteca. Vários estudos vêm comprovar o desfasamento geracional sentido por
uma grande parte dos professores bibliotecários, não implicando tal facto que
não estejam preparados para lidar com a evolução tecnológica. Quanto ao impacto
das TIC, nomeadamente da Web 2.0, tudo aponta para um enquadramento digital
bastante significativo das BEs, estando presentes em alguns canais de
comunicação importantes como os blogues e as plataformas moodle, sendo que a
presença em redes sociais como o facebook fica ainda um pouco aquém do esperado.
A problemática da pesquisa de informação na internet e a segurança são preocupações
das escolas. Os PBs e as escolas revelam estar conscientes da mudança no seu
tipo de utilizadores e uma preocupação em manter-se atualizados e “ligados” com
os mesmos na rede.
Neste contexto, o papel
do PB tem, efetivamente de mudar, de se
adaptar, de se ampliar. A sua função
englobará, para além das competências em biblioteconomia, tecnologias e gestão da
informação e competências pedagógicas, conhecimentos diversificados no âmbito
da psicologia, economia, sociologia e ética, como referem Natividade Santos et
al, em A Integração da web 2.0 nas Bibliotecas Escolares, assumindo-se como
agente cultural e social.