sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Novos contextos educativos




  Ao pensar em e-learning e blended learning   evoca-se de imediato  a flexibilidade espácio-temporal e a autonomia, permitindo o acesso à formação, independentemente do momento temporal ou espaço físico a um grande número de pessoas que, no ensino tradicional, presencial a ela não teriam possibilidades de aceder. Não há constrangimentos de horários, tempo, espaço, e os alunos seguem o seu ritmo e disponibilidade. Vantagens significativas que, no entanto, só farão sentido se os novos cenários e contextos educativos congregarem em si verdadeiras comunidades de aprendizagem, propiciadoras de aprendizagens significativas e relevantes, isto é, configurarem um ensino de qualidade.
 As TIC, alavancas e suportes de uma sociedade em movimento - do conhecimento ou da informação-, mas sempre global e globalizadora, exigente e ávida, constituem agentes de mudança no ensino. E se, de per si não são suficientes para garantirem inovação e aprendizagem, o seu contributo pode tornar-se inestimável, de acordo com o uso e exploração que delas se fizer, colocando à disposição dos utilizadores um conjunto variado de ferramentas e recursos cada vez mais interativos que possibilitam um leque de infinitas possibilidades no mundo do ensino-aprendizagem, ao serviço de uma pedagogia ativa e constante interacção, nomeadamente entre professor-alunos e entre alunos, fomentando a aprendizagem colaborativa. Estamos a assistir a uma viragem rumo a novo paradigma educacional, baseado nas tecnologias digitais e em novos modelos de ensino: interatividade, autonomia, construção do conhecimento, adaptabilidade, flexibilidade e inovação pedagógica num ensino centrado no estudante, eis alguns dos conceitos que configuram vantagens e nas quais assentam as suas forças e mais-valias.
  Estas forças, presentes no ensino online, poderão, face à realidade da Sociedade actual, caracterizada pelo imediatismo e voragem informacional,e às exigências com que são confrontadas as escolas ,nomeadamente o ES, ser a" pedra de toque" e promover a mudança de paradigma educacional .
   Os modelos de ensino online procuram a sua alicerção nas teorias construtivistas e interacionistas de aprendizagem, buscando a promoção da construção de conhecimentos sem "os constrangimentos de espaço e tempo e recorrendo a uma conjunto de estratégias que permitam criar uma verdadeira rede de conhecimento e de interações", tirando partido e adequando modelos de acordo com o manancial de recursos tecnológicos ao dispor do professor.
Para além dos modelos pedagógicos que melhor permitam explorar as potencialidades e virtualidades de cada recurso, de cada ferramenta, no sentido de uma utilização autónoma e criativa das mesmas, o papel do professor como mediador/moderador é fundamental. A sua formação é essencial e a mudança e inovação constante neste âmbito das ferramentas tecnológicas exige uma atualização permanente. Assim, ao contrário do que numa atitude ligeira se poderia pensar, os novos modelos de ensino-aprendizagem exigem que o professor ultrapasse o papel tradicional como detentor e transmissor do conhecimento mas não o excluem. Pelo contrário, a sua “presença” é determinante no processo/para o sucesso, no seu novo papel de mediador, facilitador, moderador. 
   Centrando o processo no estudante, o professor deverá promover a partilha, a recolha, a seleção de materiais e recursos, numa interação permanente entre aluno- aluno e aluno-professor, evitando cair na tentação da transposição pura e simples do papel tradicional presencial, assente num currículo préestabelecido, rígido e pré- determinado.
    Vários modelos têm vindo a ser desenvolvidos e implementados, nomeadamente o de Garrisson & Anderson(2003),  que assenta em três dimensões: a presença cognitiva, a presença social e a presença de ensino. A presença cognitiva constitui a condição para o desenvolvimento do pensamento reflexivo e crítico e aprendizagem complexa. A segunda presença refere-se à projeção social e emocional dos membros da comunidade virtual possibilitada pelas ferramentas/meios de comunicação e interação utilizados. A terceira presença visa a "realização dos resultados de aprendizagem significativos e que valham a pena", conforme José António M. Moreira e Angélica M.Monteiro, em O trabalho pedagógico em cenários presenciais e virtuais no ensino superior.
Outros modelos de aprendizagem relacionados com o desenvolvimento de comunidades de prática e de aprendizagem são, por exemplo : modelo de Brown, modelo de interação em ambientes virtuais de Faerber, modelo de e-moderador e modelo de colaboração em ambientes virtuais de Henri e Basque.
   O blended learning aliando as componentes presencial e virtual parece enformar o "melhor dos dois mundos", contribuindo para a essência da educação  de hoje: o desenvolvimento do espírito crítico e reflexivo, o envolvimento do sujeito no seu processo de construção do conhecimento,a aquisição/ desenvolvimento de capacidades que permitam aprender ao longo da vida.

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